quarta-feira, 25 de abril de 2018

Revisão de: Promovendo Comunicação Social Iniciada por Crianças com Autismo: Efeitos da Intervenção Son-Rise Program

O Son-Rise Program é uma intervenção que não possui eficácia cientificamente comprovada para tratamento do autismo.

Veja abaixo um artigo traduzido da ASAT online abordando esse importante tema.
(Fonte: https://www.asatonline.org/research-treatment/research-synopses/social-communication/)

Revisão de: Promovendo Comunicação Social Iniciada por Crianças com Autismo: Efeitos da Intervenção Son-Rise Program

Por que pesquisar esse assunto?
Um foco de atenção importante no tratamento do autismo é aprimorar as interações sociais, como por exemplo, iniciar brincadeiras ou comunicação. Abordagens comportamentais, as quais defendem que as crianças aprendem através de trocas com adultos respondentes, são intervenções populares para déficits de interação social. O modelo “Floortime” (isto é, Greenspan) é o mais conhecido dentro dessas abordagens. Outro método, conhecido como Son-Rise Program (SRP), visa aprimorar interações espontâneas, iniciadas por crianças. O tratamento inclui um adulto que se engaja em brincadeiras paralelas com a criança, até que a criança inicie uma interação com ele. O adulto irá realizar elogios e irá “juntar-se” à criança. Apesar do SRP ter sido desenvolvido na década de 70, este é o primeiro estudo experimental que avalia sua eficácia.
O que os pesquisadores fizeram?
Participaram doze crianças com autismo. Os participantes foram separados em dois grupos; um grupo recebeu tratamento e o outro, não. Foram coletados dados acerca do comportamento social e comunicativo de cada criança, incluindo o número de orientações de cabeça, gestos, e “verbalizações” na direção do adulto para iniciar interação, bem como a duração da interação social. Inicialmente, cada criança participou de uma fase de linha de base na qual o experimentador não realizou tentativas de interação. Se uma criança iniciasse uma interação, o experimentador respondia, mas não realizava nenhum elogio ou ajuda para ocorrerem mais interações. Seguindo a linha de base, um grupo recebeu 40 horas de intervenção com SRP dentro de um período de 5 dias. Durante a intervenção, o experimentador engajou-se em brincadeira paralela até que a criança iniciasse uma interação. Assim que a criança iniciasse uma interação utilizando um ato comunicativo como orientação de cabeça, gesto ou verbalização, o examinador respondia imediatamente, fazendo elogios, unindo-se à criança, e dando ajuda para acontecer maior interação. Após a fase de intervenção, cada criança retornou à fase de linha de base.
O que os pesquisadores encontraram?
Durante a linha de base, não houve diferença entre os grupos. Na sequência, as crianças que receberam tratamento demonstraram aumento no número e comprimento referente a inícios espontâneos de interações. O comportamento verbal também aumentou, porém, não significativamente. Em contraste, crianças que não receberam tratamento, demonstraram poucas mudanças.
Quais são os pontos fortes e limitações do estudo? O que significam os resultados?
Este estudo foi o primeiro a utilizar dados para avaliar a efetividade da intervenção SRP. Ainda que os resultados sugiram que a intervenção SRP tenha aumentado os comportamentos de interação social e, possivelmente, verbalizações, não é possível tirar conclusões acerca do SRP devido a maiores limitações no delineamento do estudo. Em primeiro lugar, as crianças não foram encaminhadas de forma aleatória para os grupos com tratamento e sem tratamento. Em segundo lugar, foi difícil determinar de que maneira os participantes foram selecionados da fonte de famílias que vieram participar do treinamento SRP. Em terceiro lugar, não foram realizados testes para saber se os ganhos foram generalizados para outros ambientes ou mantidos através do tempo. Em quarto lugar, os investigadores não examinaram se os terapeutas SRP realizaram a intervenção adequadamente. Para fornecer dados confiáveis sobre efetividade, estudos futuros deveriam listar essas limitações metodológicas e replicar os resultados com crianças adicionais.


Autores: Houghton, K., Schuchard, J., Lewis, C., & Thompson, C.K. (2013). Promoting child initiated social-communication in children with autism: Son-Rise program intervention effects. Journal of Communication Disorders, 46, 495-506.

Revisão: Kathleen Moran, Caldwell College

Tradução: Christiana Campos Biscaia

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Considerações sobre a ABA


Descrição: Os praticantes da análise aplicada do comportamento (ABA) têm o objetivo de aprimorar comportamentos socialmente relevantes através de intervenções baseadas nos princípios da teoria do saber, sendo avaliados através de experimentos que utilizam medidas confiáveis e objetivas. Os métodos da ABA têm o objetivo de auxiliar pessoas com transtorno do espectro autista de várias maneiras:
  • Aprimorar comportamentos (por exemplo, aumentar o comportamento de permanecer em uma tarefa, ou interações sociais) e ensinar novas habilidades (por exemplo, habilidades de vida diária, de comunicação ou sociais);
  • Manter comportamentos (por exemplo, procedimentos de autocontrole e auto monitoramento para manter e generalizar habilidades sociais relacionadas a trabalho);
  • Generalizar ou transferir comportamentos de uma situação ou resposta para outra situação ou resposta (por exemplo, completar tarefas na sala de recursos para depois completar tarefas na sala de aula normal);
  • Restringir ou limitar condições nas quais ocorrem comportamentos interferentes (por exemplo, modificar o ambiente de aprendizagem); e
  • Reduzir comportamentos interferentes (por exemplo, autoagressão ou estereotipia).
Resumo da Pesquisa: Muitos estudos demonstram que a ABA é eficaz para aprimorar comportamentos e ensinar novas habilidades (National Autism Center [NAC], 2015; Wong et al., 2014, 2015). Além disso, vários estudos demonstram que a ABA é eficaz para reduzir problemas comportamentais (NAC, 2015). Uma quantidade de estudos também indica que, quando implantada de maneira intensiva, (mais de 20 horas por semana) e precocemente (com início antes dos 4 anos de idade), a ABA deve produzir muitos ganhos no desenvolvimento e redução da necessidade de serviços especiais (Reichow, 2012); entretanto, estudos grandes com delineamentos experimentais fortes, são necessários para confirmar os resultados reportados para intervenções intensivas e precoces.
O United States Surgeon General (1999) concluiu que “Trinta anos de pesquisa demonstraram a eficácia dos métodos da análise aplicada do comportamento para reduzir comportamentos impróprios e aumentar a comunicação, aprendizado e comportamentos socialmente adequados.”
 
Recomendações: A ABA é uma intervenção eficaz para muitos indivíduos com transtorno do espectro autista. As intervenções ABA devem ser supervisionadas por analistas do comportamento qualificados.
Uma importante área de pesquisa é a condução de grandes estudos com delineamentos científicos fortes para avaliar os resultados a longo prazo de programas intensivos e precoces de ABA, além de outros programas de intervenção. 



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