domingo, 20 de fevereiro de 2011

FILME: Adam - 2009 - Síndrome de Asperger


Sinopse:
O jovem engenheiro eletrônico Adam acaba de perder o pai. Com dificuldades de se socializar, vive isolado em seu excessivamente organizado apartamento em Nova York. Sua rotina se transforma quando a atraente Beth se muda para o andar de cima. Inicialmente reticente com o comportamento estranho do vizinho, ela aos poucos passa a conhecê-lo melhor e a entender as razões por trás de suas dificuldades de comunicação. Percebendo o interesse de Adam e a profunda conexão que se formou entre eles, Beth resolve dar uma chance ao relacionamento. Competição do Festival de Sundance 2009.

Elenco:
Título no Brasil: Adam
Título Original: Adam
País de Origem: EUA
Gênero: Comédia / Romance
Tempo de Duração: 99 minutos
Ano de Lançamento: 2009
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.: Fox Filmes
Direção: Max Mayer

Ficha Técnica:
Hugh Dancy ... Adam Raki
Rose Byrne ... Beth Buchwald
Peter Gallagher ... Marty Buchwald
Amy Irving ... Rebecca Buchwald
Frankie Faison ... Harlan
Mark Linn-Baker ... Sam Klieber
Haviland Morris ... Lyra
Adam LeFevre ... Mr. Wardlow
Mike Hodge ... Judge
Peter O'Hara ... Williams
John Rothman ... Beranbaum
Terry Walters ... Michael
Susan Porro ... Jen
Maddie Corman ... Robin
Jeff Hiller ... Rom

Dados Do Arquivo:
DVDRip Dual Audio:
Quantidade de Mídias: 1
Tamanho: 700 MB
Idioma(s) de Áudio(s): Portugues /Inglês
Legenda(s): No arquivo
Tipo de Compartilhamento: tor;
Qualidade do Vídeo: DVDRip
Resolução: 688 x 352
Formato de Tela: WideScreen(16x9)

Screen do Filme: [1] [2] [3] [4]

Download Adam Torrent

DVDR:
Quantidade de Mídias: 1
Tamanho: 4.3 GB
Idioma(s) de Áudio(s): Portugues /Inglês
Legenda(s): Embutida
Tipo de Compartilhamento: tor; http
Qualidade do Vídeo: DVD-R
Resolução: 720x480
Formato: ISO
Video Codec: MPEG-II
Sistem: NTSC
Audio Codec: AC3
Formato de Tela: WideScreen(16x9)

Screen do Filme: [1] [2] [3] [4]

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Trailer:

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Crianças sabem mais mexer no mouse do que amarrar os sapatos


Cristina GraemlCuritiba, PR
Ele ainda não anda, nem fala, mas já sabe ver fotos no celular. Com um ano e dois meses, Ulisses também clica na tela do computador portátil para experimentar jogos simples. "Ele viu que conseguia fazer as coisas ali, dar alguns comandos, e ele gostou. Fui procurando também programinhas para a idade dele", diz.
Na escola, a sala de informática está sempre ocupada. O que a gente está vendo e a maioria dos pais já percebeu em casa acaba de ser constatado em pesquisa. O levantamento foi feito fora do Brasil, em 10 países, mas reflete uma realidade que também é nossa.
A pesquisa de uma empresa inglesa de segurança na internet revelou que, de cada dez crianças menores de cinco anos, uma sabe amarrar os sapatos, mas sete sabem usar o mouse.
O pesquisador e neurologista infantil Antonio Carlos de Farias explica que o cérebro segue em formação depois que nascemos. Os estímulos vêm do ambiente em que as crianças crescem. Quanto mais estímulos o cérebro receber, maior será a quantidade de conexões entre os neurônios, o que garante mais habilidades.
"Manipular o computador nesses primeiros anos de vida por um certo período, um tempo curto que a criança possa desenvolver uma série de aptidões é ótimo, mas ficar o dia inteiro provavelmente causará prejuízo a ela", afirma Farias.
Em uma escolinha em Curitiba, as professoras ensinam os alunos pequenos a amarrar os cadarços. E fazem questão que brinquem como no passado, para que a aula de informática seja só mais uma atividade. "Eles não sabem pular amarelinha, passar anel. Nós fazemos esse resgate”, diz Dinalva Krasowski, diretora da escola.
“O conselho é que os pais façam uma ponte entre o mundo virtual e o mundo concreto. Quando a criança estiver no computador, é importante disponibilizar brinquedos que a criança possa pegar, sentir o cheiro e não só ficar olhando para a tela”, explica Farias.
Saiba mais
Logo após o Jornal Hoje, o pediatra infantil Antônio Carlos de Farias participou de um bate-papo com os internautas para falar mais sobre o assunto. Veja abaixo os melhores momentos dessa conversa.
Uso de tecnologia
Tem efeitos benéficos e outros não muito bons. Usamos muito o computador em reabilitação motora e cognitiva. Mas é óbvio que ele predispõe ao vício. É preciso observar o comportamento. Se ela tiver uma preferência de ficar com a máquina ao invés de ver os amigos, já não é o que se espera. É preciso encontrar um equilíbrio.
Amarrar os sapatos
Se a criança está sendo pouco exposta a isso ou a mãe está amarrando seus cordões, ela não irá adquirir essa habilidade. A partir dos cinco anos ela já pode ser treinada para isso, para essa coordenação motora fina.
Moderar o uso
O diálogo é muito importante. É preciso oferecer alternativas, não apenas proibir o uso. A sociedade moderna tem demandas e muitos pais usam o computador como babá eletrônica. Não sou contra a máquina, mas é preciso controlar o tempo de uso. Observe também a forma como ela senta e como ela pega no mouse para não ter problemas posturais.
Estímulos
Todo tipo de estímulo que vivenciamos de forma repetitiva, eles modificam nosso cérebro. Alguns são positivos outros negativos. Podem ser aspectos comportamentais, como a repetição de comportamentos inadequados. Mentir perto do filho é um estímulo negativo. Como também postura motoras inadequadas irão motivar o cérebro a automatizar algo errado, gerando problemas no futuro.
Aspectos concretos
É muito melhor a criança pegar uma maçã, sentir uma maçã, cheirar uma maçã e provar uma maçã, do que apenas ver a foto dela no computador. É importante estimular os outros sentidos.
Apoio pedagógico
Se a criança gosta de usar o computador, mas tem problemas na escola, associe o uso do computador com programas que trabalhem questões como matemática, por exemplo. Jogos para faixa etária infantil devem ser sempre pedagógicos, não devem estimular apenas a competitividade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Workshop- Mediação para alunos Autistas, TDAH e outros transtornos correlatos



16 horas-aula teórica e prática
Dias: 12 e 19 de fevereiro (aos sábados)
Horário: 09:00 às 18:00 h
Local: Auditório da Universidade

 Estácio de Sá – Nova América
Inscrições:
www.infinitysolucoes.com
E-mail: educ@infinitysolucoes.com
Tel: (21) 3287-1387/8540-5662
Público-alvo: Mediadores, facilitadores, professores, estudantes (pedagogia, fonoaudiologia, Psicologia, Psicopedagogia, Ensino médio), coordenadores pedagógicos...
Objetivo do Curso:
Fornecer suporte e técnicas para trabalhar com alunos portadores de  necessidades especiais.
Existe ainda, a possibilidade de encaminhamento para estágios para quem participar do curso.
Maiores informações sobre estágio e curso, entrar em contato:
Tel: (21) 3287-1387/2564-1969/8540-5662
Conteúdo:
Dia 12/02/11
09:00 à 12:00h – “Transtorno do Espectro Autístico: Compreendendo para Melhor Incluir”
Palestrante: Drª Carla Gikovate
  • Conceito sobre autismo e asperger
  • Como integrar autistas com não autistas
  • Programas de inclusão social através de colegas não autistas
  • Orientação para crianças não autistas que convivem com autistas
  • Atividades para autistas de alto funcionamento
12:00 à 14:00h – Intervalo para o almoço
14:00 às 18:00h – “Abordagens legais sobre o processo de Inclusão Educacional”
Palestrante: Izabel Moura
Objetivo:
Fornecer informações dos aspectos legais sobre o processo de inclusão educacional à partir da constituição de 1998/lei, diretrizes e bases da educação nacional.
  • Política de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
  • Discutir a atual legislação brasileira sobre inclusão
  • Caracterizar, avaliar e atender os alunos pedagogicamente dentro dos TGDs.
  • Adequação curricular, orientação e efetivação da adequação
  • Avaliação das necessidades educacionais específicas.
  • Planejamento de respostas educativas
Dia: 19/02/11
09:00 às 10:40 – “TDAH na escola: Estratégias de Ação Pedagógica”
Palestrante: Maria José
  • Hiperatividade na escola: Algumas orientações de como trabalhar em sala de aula.
  • Como Identificar e trabalhar com TDAH na Escola
  • Dicas para o professor lidar com Hiperativos
  • Estratégias de Ação pedagógica
  • Bullying
11:00 às 12:00 – “Estratégias para Estimular a Comunicação do Alunado Autista Verbal e Não Verbal:
Palestrante: Adriana Fernandes
  • Dicas para facilitar o compartilhar da atenção
  • Como Estimular a Comunicação
  • Recursos Gestuais  e Visuais para melhorar a comunica
12:00 às 14:00H – Intervalo para o Almoço
14:00 às 18:00H – Avaliação e Terapia Comportamental (ABA/PECS)
Palestrante: Mariana Garcia
Objetivo:
Breve Introdução aos princípios da análise Comportamental aplicada e suas contribuições para a Intervenção no espectro do autismo. Apresentação de aplicações dos princípios do comportamento na avaliação de repertório comportamental e programação de condições de ensino que visam minimizar os déficits comportamentais decorrentes do autismo e promover o repertório de habilidades comunicativas, sociais e redução de comportamentos inadequados.
  • Análise do comportamento
  • Introdução aos princípios básicos do comportamento
  • Contingências de três termos
  • Reforçamento positivo e negativo
  • Extinção
  • Avaliação comportamental
  • Avaliação das condições ambientais
  • Avaliação dos reforçadores
  • Currículo de ensino
  • Programação de condições de ensino
  • Tentativas discretas
  • Ensino incidental
  • Modelagem: reforçamento por aproximações sucessivas
  • Cadeia de trás-para-frente
  • Técnicas de esvanecimento
  • Generalização
  • Avaliação da intervenção
  • PECS – Sistema de comunicação por troca de figuras.
  • PALESTRANTES
  • Drª Carla Gikovate  - Neuropediatra, Mestre em Psicologia clínica pelo programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica/PUC-Rio, Especialista em Educação Especial Inclusiva
    Mariana Garcia – Psicóloga, Doutorada do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica/PUC-RIO
    Isabel Moura – Mestre em Psicologia Social pela UGM, especialista em Psicologia Educacional pela UFRJ, integrante da Equipe Técnica do Instituto Municipal Helena Antipof/SME/IHA-RJ, coordenadora do curso de Pós-graduação em Educação Inclusiva da Universidade Barra Mansa
    Adriana Fernandes – Graduada em Fonoaudiologia pela UERJ, Pós-Graduada em Educação Inclusiva pela PUC-Rio, Certificada em Linguagem pelo IFF/Fiocruz, Certificada em Transtorno do Espectro do Autismo pela PUC-RIO.
    Maria José – Graduada em Pedagogia pela UFRJ, Pós-Graduada em Psicopedagogia pela PUC/RIO, Curso de Didática de Nível Superior – PUC/RIO. Especialista em TDAH.

IV Seminário Internacional de Pesquisa do LAHMIEI AUTISMO E DEFICIÊNCIA INTELECTUAL


O IV Seminário Internacional de Pesquisa do LAHMIEI é um evento com participação gratuita realizado em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Psicologia e com o Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos. É voltado a alunos e profissionais da Psicologia e áreas afins e tem como objetivo divulgar o conhecimento científico atualmente produzido em Psicologia, com ênfase em Análise do Comportamento. A programação inclui apresentação de projetos de pesquisa de alunos e palestras com o Prof. Dr. Caio Miguel, da California State University em Sacramento.

O Prof. Dr. Caio Miguel é formado em Psicologia pela PUC-SP e obteve seu mestrado e doutorado em Análise do Comportamento pela Western Michigan University sob supervisão de Jack Michael. Atualmente, é professor assistente do departamento de psicologia, coordenador do mestrado em Análise Aplicada do Comportamento, e afiliado ao programa de doutorado em educação da California State University em Sacramento. Além disso, Caio é professor colaborador da Chicago School of Professional Psychology e da Universidade de Sào Paulo. Caio é editor da revista The Analysis of Verbal Behavior, e serve no conselho editorial do Journal of Applied Behavior Analysis, The Journal of the Experimental Analysis of Behavior, The Behavior Analyst, e The Psychological Record. Atualmente seus trabalhos de pesquisa focam o desenvolvimento de procedimentos para o ensino de comunicação em crianças diagnosticadas com autismo. 
Local: Auditório do CECH (Centro de Educação e Ciências Humanas), no AT2, área sul da UFSCar
Data: 08 e 09 de fevereiro de 2011, das 08h30 às 18h00
Participantes com no mínimo 75% de presença receberão certificado de participação.
Maiores informações pelo telefone (16) 3351-8498.
http://www.lahmiei.ufscar.br/sempesin4.html

08h30
Escolha e preferência entre alimentos com e sem valores calóricos em indivíduos com atraso no desenvolvimento intelectual e sobrepeso. (Marina Zanoni Macedo - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
09h00
O Jogo do Investidor: fatores que influenciam as escolhas de risco em situações com possibilidade simultânea de ganhos e perdas. (Luiz Migliato - Doutorando do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
09h30
Algumas contribuições do paradigma de escolha para o trabalho de pessoas com deficiência intelectual. (Giovana Escobal - Doutora em Educação Especial, LAHMIEI, UFSCar)
10h00
Intervalo
10h30
(1) Tato comum e nomeação em crianças com autismo. (2) Efeitos de treino de ouvinte e falante na emergência de relações de equivalência. (Prof. Dr. Caio Miguel)
12h00
Almoço
14h00
Diferenças na emergência do repertório de nomeação de figuras e leitura. (Luiza de Moura Guimarães - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
14h30
Desenvolvimento, aplicação e avaliação de um programa de ensino para a implementação de um procedimento de MTS no ensino de leitura. (Camila Penariol - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
15h00
Insistência ou tenacidade? Teimosia ou obstinação? Conceitos diferentes ou recortes de um mesmo tecido? (Tatiane Castro - Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
15h30
Ensino estruturado para crianças com autismo. (Valéria Mendes - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
16h00
Intervalo
16h30
(1) Uso de RIRD e matched stimulation na redução de comportamento vocal estereotipado. (2) Uso de RIRD vocal e motor na redução de comportamento vocal estereotipado. (Prof. Dr. Caio Miguel)
08h30
Ensino de sequência de palavras para surdos através da análise comportamental. (Alice Almeida Chaves de Resende - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
09h00
Ensino de imaginação para pessoas com deficiência intelectual: uma proposta experimental. (Paulo Augusto Costa Chereguini - Doutorando do Programa de Pós Graduação em Educação Especial, LAHMIEI, UFSCar)
09h30
Ensino de sinais de itens e suas categorias para crianças. (Nassim Chamel Elias - Pós-Doutorando em Psicologia, FAPESP, LAHMIEI, UFSCar)
10h00
Intervalo
10h30
(1) Efeitos da história de reforçamento com prompts de tato e ecóico no ensino de comportamento intraverbal. (2) Uso de discriminação condicional e within-stimulus fading no estabelecimento de controle textual. (Prof. Dr. Caio Miguel)
12h00
Almoço
14h00
Ensino de intervalos musicais por meio escolha de acordo com o modelo. (Arthur Damião Médici - Graduando em Psicologia, LAHMIEI, UFSCar)
14h30
(1) Uso de modelação por vídeo no ensino do brincar espontâneo em crianças autistas. (2) Comparação de diferentes avaliações de preferência em cachorros. (Prof. Dr. Caio Miguel)
15h30
Intervalo
16h00
(1) Efeitos do treino de exemplar múltiplo e único na emergência de comportamento intraverbal em crianças. (2) Efeitos do treino de tato na emergência de analogias. (Prof. Dr. Caio Miguel)
Departamento de Psicologia - Universidade Federal de São Carlos | Rodovia Washington Luis, Km 235 – Caixa Postal 676, CEP: 13565-905 – São Carlos – SP – Brasil | Tel: (55 16) 3351-8498

Entrevista Época - Christopher Gillberg - Especialista no estudo do Autismo

MEDICINA

Janela para o mundo
Um dos maiores especialistas mundiais em autismo diz que pesquisas genéticas prometem novas terapias para o problema

Christopher Gillberg
por CRISTIANE SEGATTO



O cientista sueco Christopher Gillberg, de 53 anos, passou mais da metade de sua vida estudando o autismo, o estranho distúrbio de desenvolvimento que mantém os portadores aprisionados em um universo inatingível. Autor de 360 artigos científicos e 24 livros, Gillberg explica que existem várias formas de autismo, acompanhadas de um espectro de sintomas que variam do mais leve ao mais grave. Debruçado sobre essas diferenças, Gillberg identificou no ano passado um dos genes responsáveis pelo distúrbio. Mas estima que mais de cem possam estar envolvidos na gênese do problema, cujas causas ainda são pouco conhecidas. Há duas semanas, a divulgação de um estudo britânico realizado com quase 6 mil crianças e publicado no The Lancet comprovou que a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) não provoca autismo, sepultando um dos grandes mitos em torno do assunto. A seguir, a entrevista concedida a Época.
Christopher Gillberg
 Cargo atualProfessor de Psiquiatria da Infância na Universidade de Gotemburgo, na Suécia


 AtuaçãoMembro do Conselho Sueco de Saúde e consultor da Associação de Amigos do Autista (AMA), em São Paulo
 TrajetóriaHá 28 anos pesquisa o autismo e outros distúrbios do desenvolvimento neurológico

Época - A vacina tríplice viral dada aos bebês aos 15 meses pode provocar autismo? 

Christopher Gillberg - Vários estudos demonstram que essa relação não existe. Mas nos últimos seis anos o tema foi um dos principais assuntos da imprensa britânica. Quase toda semana há pelo menos uma manchete falando em epidemia de autismo e culpando a vacina. A imprensa ajudou a criar o pânico, que está derrubando os índices de imunização no Reino Unido (de 92% em 1996 para 82% em 2003). É uma irresponsabilidade.

Época - O artigo científico que deu origem a essa polêmica foi renegado pelos próprios autores? 

Gillberg - No início de março, o periódico The Lancet publicou uma retratação assinada por dez dos 13 autores do artigo original (de 1998) que desencadeou a polêmica. Eles reafirmaram que não foi possível estabelecer nenhuma relação entre o autismo e a vacina tríplice, também conhecida como MMR, porque a amostra utilizada (apenas uma dúzia de crianças) era insuficiente.

Época - O estudo foi malfeito? 

Gillberg - O trabalho estava correto, mas as conclusões tiradas a partir dele foram equivocadas. A coisa foi tão maluca que os jornalistas perguntaram ao primeiro-ministro Tony Blair se ele havia vacinado o filho Leo. Ele se negou a divulgar qualquer informação sobre a vida pessoal do garoto, o que acho correto. Mas a recusa de Blair em responder foi interpretada como uma evidência de que o garoto não havia sido vacinado. A queda nas taxas de vacinação trouxe de volta o sarampo, que estava sob controle havia 20 anos.

Época - Há mais crianças autistas hoje do que 30 anos atrás? 

Gillberg - Acredito que não. Estima-se que 0,2% da população seja acometida pelo autismo típico e que 0,8% apresente sinais mais brandos do distúrbio. Isso significa que 1% das pessoas desenvolve alguma forma de autismo. Os estudos demonstram que esse índice é muito similar ao verificado nos anos 70. As pessoas passaram a prestar mais atenção ao assunto e novos critérios aumentaram o número de diagnósticos corretos.

Época - Não está despontando, portanto, uma epidemia de autismo? 

Gillberg - Não existe nenhuma evidência de que os casos estejam aumentando. Mas há vários sinais de que mudanças nos critérios de diagnóstico inflaram os números. Eu mesmo, quando tinha 25 anos e comecei nesse campo, provavelmente não percebi que muitas das crianças atendidas por mim eram autistas. Um bom número dos pacientes diagnosticados erroneamente como portadores de retardo mental ou transtorno do déficit de atenção atualmente seria considerado autista.

Época - O milionário Bill Gates (dono da Microsoft) pode ser considerado autista? 

Gillberg - Não posso afirmar isso porque nunca o encontrei pessoalmente. Até onde sei, nunca recebeu diagnóstico. Mas muita gente séria enxerga nele sinais da síndrome de Asperger, forma mais branda de autismo. Em geral, os portadores são muito formais, fixados em alguns assuntos, bitolados. Há pessoas brilhantes que apresentam os sintomas. O cientista Albert Einstein, por exemplo. Baseado nas biografias que descrevem o comportamento dele, acredito que tinha Asperger.

Época - Qual é a porcentagem de autistas que conseguem estudar e seguir uma carreira? 

Gillberg - Se considerarmos apenas as crianças que sofrem de autismo típico (graves desvios de comunicação, interação social e dificuldades no uso da imaginação), muito poucas conseguem seguir carreira. Mas, se pensarmos no autismo de forma mais ampla e incluirmos os que têm Asperger, muitos vão à universidade. Existem pessoas com todos os sintomas de autismo, mas que conseguem conviver em sociedade. Nas melhores universidades há professores com indícios de Asperger, mas a maioria não recebe o diagnóstico.
"Gente séria enxerga em Bill Gates sinais da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo. Quem consegue lidar com ela pode se tornar um profissional brilhante"

Época - Eles convivem bem com essa condição? 

Gillberg - Os autistas típicos, que apresentam grandes problemas de comunicação verbal, enfrentam muitas dificuldades. Sem boa linguagem, essas pessoas não conseguem se comunicar e se enquadrar na sociedade. Por outro lado, alguns pacientes com habilidades satisfatórias de linguagem podem viver muito bem. Os portadores de Asperger que procuram nosso grupo na Suécia apresentam graves problemas, mas não representam o que acontece com todos. #Q#


Época - Que tipo de problemas? 

Gillberg - Inúmeras dificuldades de interação social. Os pacientes não se enquadram em nenhum lugar. São pessoas estranhas, originais demais, esquisitas. A linha divisória é saber se a criança consegue lidar com a escola sem sucumbir a pressões do cotidiano. Se ela é capaz de acompanhar as aulas apesar dos sintomas de Asperger, provavelmente terá sucesso no futuro. Muitos se tornam professores universitários, matemáticos, engenheiros, advogados.

Época - Os casos de autismo estão aumentando no Vale do Silício, o paraíso das empresas de tecnologia nos Estados Unidos? 

Gillberg - Esqueça isso. É impossível saber se houve um aumento no número de casos naquela região. Afinal, ninguém sabe quais eram os índices há 40 anos. Caso realmente tenha ocorrido um crescimento na prevalência de autismo, isso não tem nada a ver com as condições ambientais, e sim com o tipo de profissionais que as empresas do Vale do Silício disputam.

Época - Como assim? 

Gillberg - A região atraiu muitos engenheiros, especialistas em tecnologia da informação, que podem ser pessoas com Asperger. Mas de forma alguma isso significa que tenham virado autistas ao chegar ao Vale do Silício. Os estudos têm demonstrado que pessoas com Asperger e outras formas de autismo que obtêm sucesso na vida adulta preferem carreiras como Matemática, Engenharia e Computação. Justamente os profissionais que aquelas empresas procuram. Se pessoas com a síndrome se conhecem no Vale e se casam, é bastante provável que transmitam a herança genética do autismo aos filhos.

Época - O que há de novo no entendimento da doença? 

Gillberg - Em primeiro lugar, autismo não é doença. Trata-se de um distúrbio de desenvolvimento que pode ser causado por uma série de outras doenças e determinado por alterações genéticas em vários cromossomos. Alguns casos são atribuídos a drogas teratogênicas (como a talidomida) consumidas pela mulher grávida ou ao excesso de bebida alcoólica na gestação. Metais pesados como chumbo, mercúrio e outros materiais também parecem danificar o cérebro e levar ao autismo. Mas fatores genéticos determinam a maioria dos casos. Um dos pais carrega dois genes envolvidos numa maior suscetibilidade ao distúrbio. O outro cônjuge carrega outros três. O autismo pode ser fruto da combinação infeliz desses genes.

Época - O senhor poderia nos dar um exemplo dessa combinação infeliz? 

Gillberg - Imagine que a criança herde do pai genes que favorecem o comportamento rigoroso, a extrema meticulosidade, incríveis habilidades matemáticas e certo pedantismo (característica de várias pessoas com Asperger). Junto com isso, ela recebe da mãe algum gene relacionado à determinação quase obsessiva. Isoladamente, esses genes poderiam influenciar o surgimento de características positivas. Quando combinados, porém, produzem a síndrome. Hoje sabemos que o autismo é geralmente genético. Não tem nada a ver com o ambiente psicossocial. Antes, a culpa recaía sobre os pais. Acreditava-se que as crianças se tornavam autistas porque não eram amadas. Essa visão tornou-se ultrapassada quando surgiram os estudos genéticos.

Época - Essas descobertas podem melhorar os tratamentos? 

Gillberg - Hoje é possível identificar as diferentes síndromes que caracterizam o autismo. E há um grande investimento para descobrir os genes relacionados a elas. O contingente de 1% das pessoas portadoras poderá ser dividido em subgrupos e receber tratamentos mais específicos. Mas não acredito no surgimento de uma solução maravilhosa que possa curar todos os casos de autismo.

Época - O que os pais podem fazer para ampliar as perspectivas da criança autista? 

Gillberg - Não existe um remédio que seja útil para todos os pacientes. Muitas vezes o melhor a fazer é evitar a medicação. Mas escolas especializadas, como a Associação de Amigos do Autista (AMA), oferecem educação personalizada e intervenções interessantes na forma de comunicação. Infelizmente, os governantes ainda não perceberam que o autismo é um grande problema. No Brasil, não há serviços públicos que identifiquem o autista e ofereçam o tipo de educação mais adequada. Nesse aspecto, o cenário brasileiro é muito parecido com o da Suécia de 30 anos atrás.
Ed. 523 - 26/05/2008

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