terça-feira, 28 de junho de 2011

Apadem desenvolve projeto de inclusão em escolas e igrejas da cidade

Conscientização: Palestras realizadas pela Apadem ajudam na questão da inclusão do autista


Palestras realizadas pela Apadem ajudam na questão da inclusão do autista

Mais uma vez dou meus parabéns para as iniciativas da APADEM. Muitas famílias com as aquias trabalham se dividem para poder frequentar cultos e missas.
Essa iniciativa deve ser repetida!!

Amanda
Volta Redonda

Com seus 12 anos de existência comemorados no último dia 19, a Apadem (Associação de Pais de Autistas e Deficientes Mentais) está desenvolvendo desde o ano passado dois projetos direcionados a escolas e igrejas da região: os pprojetos Autismo Inclusão nas Escolas e Autismo Inclusão nas Igrejas. A entidade de Volta Redonda tem por finalidade colaborar na assistência e formação das pessoas com Transtorno do Espectro Autista, apoiando suas famílias e promovendo a integração entre o poder público, a comunidade e a escola.

De acordo com Cláudia Moraes, presidente da entidade, a proposta desses dois projetos é demonstrar o que é o autismo e como é possível incluir o autista na escola e na sociedade.

- Por enquanto o projeto está sendo divulgado pelo do site da Apadem (www.apadem.blogspot.com), pelos pais dos alunos e através dos grupos de famílias. Graças a essas ações as escolas nos procuram e nos convidam a mostrar a ideia do projeto. Participamos de reuniões com professores, diretores, coordenadores e toda a parte pedagógica da instituição de ensino, onde explicamos o que é o autismo, suas características, causas e como pode ser feita a inclusão e a necessidade de que ela aconteça - explicou.

Ela acrescentou que, no caso de a escola demonstrar algum interesse, é marcada uma segunda reunião só com os pais de alunos ou mesmo com os professores. Foi o que aconteceu há duas semanas na Escola Municipal Domingas, em Pinheiral, quando também compareceram representantes de outras escolas e da Secretaria Municipal de Educação de Pinheiral. Em Volta Redonda já foram incluídas no projeto seis escolas da rede pública e particular, e a secretária municipal de Educação, Therezinha Gonçalves, já demonstrou interesse no projeto, que passa atualmente pelo processo de análise.

Segundo a presidente da Apadem, o número de alunos autistas nas escolas da rede pública e particular de Volta Redonda está crescendo a cada dia e, graças ao trabalho desenvolvido pela Apadem junto a essas instituições, a visão que os profissionais tinham da disfunção está mudando.

A maior dificuldade enfrentada pelo aluno autista na escola é o desconhecimento sobre a síndrome no meio educacional e na sociedade. Apesar de a escola ter conhecimento que possui alunos com a disfunção sendo incluídos, muitas vezes a direção da escola não sabe como lidar com a questão.

- As pessoas possuem uma visão equivocada sobre o autismo, pensando que o autista não vai se socializar nunca. Só o fato de mostrar aos profissionais da educação o que é a síndrome já é um caminho - acredita.



Escolas para autistas



De acordo com Cláudia, atualmente existem duas escolas para autistas em Volta Redonda: a Deise Mansur - direcionadas para alunos na faixa etária entre 4 e 16 anos - e o Sítio Escola Semeia, para alunos acima de 16 anos. Devido à questão da idade, apenas os alunos da escola Deise Mansur recebem suporte para terem condições de serem incluídos em uma escola regular ou, se for necessário, frequentarem as duas escolas para adaptação.



A inclusão nas igrejas



A Apadem também desenvolve o mesmo projeto de inclusão do autista nas igrejas do município através de palestras onde os pais, familiares e os membros ou representantes da igreja aprendem que o autista possui toda a capacidade de participar dos eventos religiosos.

- Muitos pais conheceram o trabalho da Apadem através dos projetos desenvolvidos nas escolas e igrejas, e então passaram a frequentar os grupos de famílias. Depois do trabalho desenvolvido através do projeto os familiares ficam mais à vontade para levar seus filhos portadores de autismo aos cultos ou missas - comemorou.



Quando o autismo não é uma barreira para o estudo



Para a dona de casa Carla Marina Lorencine da Costa o autismo de seu filho João Gabriel, de cinco anos, nunca foi um obstáculo para colocá-lo em uma escola regular: ele estuda desde os dois anos no Centro Educacional Tiradentes, localizada no bairro Jardim Tiradentes. - Sempre desconfiei que havia algo de diferente com o meu filho, mas, apesar do atraso na fala e na maneira diferente de brincar, só resolvi levá-lo a um especialista depois que fui alertada pelos professores e pela pedagoga da escola quando ele estava no maternal. Depois que descobri o autismo em meu filho conheci a Apadem por indicação da fonoaudióloga que descobriu o problema. Na associação conheci outras mães com filhos na mesma situação e que me ajudaram a ter outra visão do autismo. Hoje participo de palestras, grupos da família e oficinas pedagógicas, e o meu marido participa do grupo de pais - contou.

Na opinião da Carla, a escola é a segunda casa do João Gabriel; a única diferença para os outros alunos é que ele tem uma auxiliar terapêutica para acompanhá-lo durante as aulas.

- Eu acredito, hoje, que é possível a inclusão do autista na escola e, no caso do meu filho, a parceria e o apoio da instituição de ensino foi muito importante para a inclusão dele. Tive a sorte de encontrar a ajuda dos professores, pedagogos e da direção da escola - agradeceu.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Autistic Like Me - A Father's Perspective



Eu sempre me preocupei com os sentimentos do Pai de uma criança autista. Costumo ouvir algumas mães dizendo: "Meu marido não me dá suporte!", "Assumo tudo sozinha"...
As mulheres naturalmente buscam por ajuda e falam sobre seu sentimentos mais facilmente.
Para os homens é emocionalmente muito díficil lidar com o autismo do filhos...
Penso que um grupo apenas com pais seja muito importante. Eles precisam poder  conversar sobre o assunto com pessoas que os entendam e compartilhem destes sentimentos e sobre o que fazer, quem buscar, como questionar efeitos de tratamentos, como interagir.

O vídeo abaixo fala sobre isso. Faz parte do documentário  Autistic Like Me: A Father's Perspective”, (ainda não lançado) que fala sobre o impacto emocional do autismo nas famílias, principalmente sobre o Pai. http://www.autisticlikeme.net/

Pretendo montar um grupo de Pais para trabalhar todos estes assuntos.
O "Autistic Like Me" é uma iniciativa maravilhosa, mas não podemos esperar para criar AQUI estes projetos.

O que acham?

Um grande abraço,

Amanda



Our children are being diagnosed with Autism at an alarming rate ...
 Autistic Like Me: A Father's Perspective” is a documentary/advocacy film that examines the difficult emotional journey experienced by fathers of autistic children. Having an autistic child turns a parent's world upside down. Dreams are broken and lives are changed forever. Men are especially affected because we often do not seek out the support network needed to deal with this type of emotional upheaval.

With an incident rate of 1 in 110, autism is now the fastest-growing developmental disability in the United States. Experts agree that early intervention is critical for a child's development. But the early days of parenting are also the most stressful. It is a painful time for many who are not prepared for “special” parenthood. Why do men specifically, have such a difficult time coping?

Sharing, compassion, understanding and sound advice are the keys to helping men be good parents and to focus on insuring their children receive the earliest possible professional attention. “Autistic Like Me: A Father's Perspective” is a call to action, an attempt to reach out to all men, regardless of whether they have an autistic child or plan to have a family in the future. By infusing knowledge, education and awareness into our communities, men can gain the voice we are missing. It will empower us to take “care of business” and see that our children get the best help possible.

We are currently in production and anticipate having the film completed by Fall 2011. We are looking for partners to align with, to support our community outreach campaign for this film. If you or someone you know have an interest in partnering with “Autistic Like Me: A Father's Perspective”, please email us at

-Charles Jones
Director of ALM

terça-feira, 14 de junho de 2011

Escolas particulares não estão prontas para incluir

Instituições privadas rejeitam alunos que necessitam cuidados especiais. Argumento é a falta de estrutura.
Publicado em 14/06/2011 | ADRIANA CZELUSNIAK
Antônio Costa / Gazeta do Povo / Marília do Rosário retirou o filho Thiago, que sofre de epilepsia, da escola após a instituição dizer que não o aceitaria mais
Marília do Rosário retirou o filho Thiago, que sofre de epilepsia, da escola após a instituição dizer que não o aceitaria mais.Antônio Costa / Gazeta do Povo
No último Dia das Mães Marília Vieira do Rosário, 29 anos, não ganhou um abraço do filho Thiago, 3 anos. Também não recebeu um cartão nem se emocionou com a apresentação na festa da escolinha. Na ocasião, enquanto as outras crianças cantavam, Thiago permaneceu parado, com as mãos nos ouvidos. Desde que ele nasceu Marília convive com a síndrome de West do filho, um tipo grave de epilepsia, e está acostumada com o comportamento evasivo do garoto, que não fala. O que a frustrou, porém, não foi a reação da criança, mas a decisão da direção da escola, que, após a festa, comunicou que não aceitaria mais o menino.
“Foi muito difícil. Um mês antes, quando o aceitaram, eu disse que ele tomava os comprimidos, que não tinha mais crises e assinei um termo de responsabilidade por ele no período em que passaria na escola. Ficaram com medo de ele ser agressivo, de outros pais reclamarem, mas aceitaram quando expliquei mais sobre a síndrome. Ele poderia ficar até que eu encontrasse outra escola, mas achei melhor tirá-lo [após o comunicado] e ele está em casa.”

Do outro lado, a coordenadora pedagógica da escola, Tatiana Malinverni, explica o porquê da decisão e argumenta que os pais têm dificuldades em entender quando a escola assume não estar preparada para atender algum aluno. “Eu penso no bem do aluno. Seria fácil aceitá-lo aqui, mas ele não estaria desenvolvendo as capacidades de que precisa. Eu gostaria de ter pessoas especializadas ou o espaço necessários, mas no momento não temos e não acho correto aceitar um aluno sem garantir a ele a educação especializada que requer”, diz.
O caso de Thiago, infelizmente, não é raro. Enquanto as escolas públicas caminham para estarem cada vez mais preparadas para atender alunos com qualquer tipo de deficiência, seja física ou intelectual, nas particulares ainda há dificuldade em achar vagas de inclusão. Das dez escolas particulares procuradas pela reportagem, apenas duas se mostraram abertas a receber um aluno de inclusão intelectual fictício. As outras disseram já ter um aluno de inclusão nas turmas da série em questão, o que seria o limite.
Segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, Ademar Batista Pereira, não há uma regra que diga que cada turma das escolas particulares possa ter apenas um aluno com necessidades especiais. Mas essa é uma estratégia pedagógica tomada para não prejudicar as aulas. “Essa limitação não existe porque a escola não quer atender os alunos com necessidades especiais, mas porque ela tem de ter consciência de suas limitações e agir com responsabilidade. De que adianta um pai entrar na Justiça para que a escola aceite o filho dele na marra? Educação é parceria entre escola e família, se a inclusão acontecer à força, que tipo de parceria vai existir? Como vai ser o trabalho com esse aluno?”, afirma.
Particular ou pública?
A pedagoga e doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Maria Silvia Bacila Winkeler lembra que perante a lei todos devem ter acesso à educação. E que, dentro da escola, o atendimento pode ser mais facilitado nas instituições públicas, que podem estar melhor equipadas. “Se formos pensar em estrutura física, a pública é melhor, pois recebe financiamentos para espaços diferenciados e salas multifuncionais, o que não existe em muitas escolas particulares”, diz. Mas nem todos estão convencidos da qualidade do atendimento prestado nas escolas públicas, como afirma a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Univer­sidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Se tivéssemos de fato uma escola pública de qualidade, fazendo uma inclusão de qualidade, provavelmente todos os pais de crianças com deficiências estariam lá e não precisariam bater de porta em porta implorando por vagas nas escolas particulares”, diz.
Acesso não garante qualidade
O grande problema da inclusão é justamente expandir o número de vagas, sem se preocupar com a qualidade do ensino e do atendimento, segundo a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Universidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Colocamos todos pra dentro da escola, mas para quê?”, questiona. Morando nos Estados Unidos, onde pesquisa a inclusão para seu pós-doutorado, Miriam comenta que o Brasil é um país que tem uma política de inclusão bastante recente e que precisa amadurecer. “Em países como os europeus ou os Estados Unidos a inclusão tem o mesmo discurso, mas é feita com base no fortalecimento da estrutura da educação e investimento em professores e recursos humanos. É um direito da criança com dificuldades estar na escola e ser bem atendida. Nas salas, vai sempre haver um professor regente e um outro habilitado para trabalhar com crianças com necessidades especiais ou um especialista, e não um auxiliar como acontece aqui no Brasil”, diz. Ela também explica que aqui o acesso acontece, mas sem o tratamento que os estudantes precisam. “A inclusão chega sem que a estrutura necessária chegue junto. E não estamos falando só das rampas de acesso ou barreiras arquitetônicas, nós percebemos barreiras em termos de discriminação, preconceito e até indiferença”, diz.
Parceria
O diálogo e o trabalho em conjunto é o que pode fazer com que a inclusão realmente aconteça. E, para que funcione, nada pode ser imposto ou escondido, segundo a pedagoga Maria Silvia Bacila Winkeler. “Um professor que recebe uma criança com deficiência deve ser consultado antes, até para que possa se preparar, assim como os colegas também precisam ser informados para que aprendam a lidar com a situação. Sempre, se temos um novo colega, ele precisa ser apresentado. Precisamos nos conhecer e nos compreender para sabermos agir”, afirma.
Mas ela lembra que, apesar de não ser fácil achar uma instituição adequada para a criança, a luta maior começa com o filho dentro da escola. “Eles precisam olhar com cuidado se a escola do filho realmente aceita a criança e investe na educação dela. Porque,sem isso, é perda de tempo para o aluno e desgaste para a escola e para os pais”, diz. O entendimento entre as partes é fundamental para o aluno e deve ser o objetivo quando se pensa na inclusão, mesmo que ela venha depois de terem sido encontradas muitas portas fechadas.

Escolas particulares não estão prontas para incluir

Ensino

Terça-feira, 14/06/2011
Antônio Costa / Gazeta do Povo
Antônio Costa / Gazeta do Povo / Marília do Rosário retirou o filho Thiago, que sofre de epilepsia, da escola após a instituição dizer que não o aceitaria maisMarília do Rosário retirou o filho Thiago, que sofre de epilepsia, da escola após a instituição dizer que não o aceitaria mais
ENSINO ESPECIAL

Instituições privadas rejeitam alunos que necessitam cuidados especiais. Argumento é a falta de estrutura

Publicado em 14/06/2011 | ADRIANA CZELUSNIAK
No último Dia das Mães Marília Vieira do Rosário, 29 anos, não ganhou um abraço do filho Thiago, 3 anos. Também não recebeu um cartão nem se emocionou com a apresentação na festa da escolinha. Na ocasião, enquanto as outras crianças cantavam, Thiago permaneceu parado, com as mãos nos ouvidos. Desde que ele nasceu Marília convive com a síndrome de West do filho, um tipo grave de epilepsia, e está acostumada com o comportamento evasivo do garoto, que não fala. O que a frustrou, porém, não foi a reação da criança, mas a decisão da direção da escola, que, após a festa, comunicou que não aceitaria mais o menino.
“Foi muito difícil. Um mês antes, quando o aceitaram, eu disse que ele tomava os comprimidos, que não tinha mais crises e assinei um termo de responsabilidade por ele no período em que passaria na escola. Ficaram com medo de ele ser agressivo, de outros pais reclamarem, mas aceitaram quando expliquei mais sobre a síndrome. Ele poderia ficar até que eu encontrasse outra escola, mas achei melhor tirá-lo [após o comunicado] e ele está em casa.”
Do outro lado, a coordenadora pedagógica da escola, Tatiana Malinverni, explica o porquê da decisão e argumenta que os pais têm dificuldades em entender quando a escola assume não estar preparada para atender algum aluno. “Eu penso no bem do aluno. Seria fácil aceitá-lo aqui, mas ele não estaria desenvolvendo as capacidades de que precisa. Eu gostaria de ter pessoas especializadas ou o espaço necessários, mas no momento não temos e não acho correto aceitar um aluno sem garantir a ele a educação especializada que requer”, diz.
O caso de Thiago, infelizmente, não é raro. Enquanto as escolas públicas caminham para estarem cada vez mais preparadas para atender alunos com qualquer tipo de deficiência, seja física ou intelectual, nas particulares ainda há dificuldade em achar vagas de inclusão. Das dez escolas particulares procuradas pela reportagem, apenas duas se mostraram abertas a receber um aluno de inclusão intelectual fictício. As outras disseram já ter um aluno de inclusão nas turmas da série em questão, o que seria o limite.
Segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, Ademar Batista Pereira, não há uma regra que diga que cada turma das escolas particulares possa ter apenas um aluno com necessidades especiais. Mas essa é uma estratégia pedagógica tomada para não prejudicar as aulas. “Essa limitação não existe porque a escola não quer atender os alunos com necessidades especiais, mas porque ela tem de ter consciência de suas limitações e agir com responsabilidade. De que adianta um pai entrar na Justiça para que a escola aceite o filho dele na marra? Educação é parceria entre escola e família, se a inclusão acontecer à força, que tipo de parceria vai existir? Como vai ser o trabalho com esse aluno?”, afirma.
Particular ou pública?
A pedagoga e doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Maria Silvia Bacila Winkeler lembra que perante a lei todos devem ter acesso à educação. E que, dentro da escola, o atendimento pode ser mais facilitado nas instituições públicas, que podem estar melhor equipadas. “Se formos pensar em estrutura física, a pública é melhor, pois recebe financiamentos para espaços diferenciados e salas multifuncionais, o que não existe em muitas escolas particulares”, diz. Mas nem todos estão convencidos da qualidade do atendimento prestado nas escolas públicas, como afirma a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Univer­sidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Se tivéssemos de fato uma escola pública de qualidade, fazendo uma inclusão de qualidade, provavelmente todos os pais de crianças com deficiências estariam lá e não precisariam bater de porta em porta implorando por vagas nas escolas particulares”, diz.
Acesso não garante qualidade
O grande problema da inclusão é justamente expandir o número de vagas, sem se preocupar com a qualidade do ensino e do atendimento, segundo a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Universidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Colocamos todos pra dentro da escola, mas para quê?”, questiona. Morando nos Estados Unidos, onde pesquisa a inclusão para seu pós-doutorado, Miriam comenta que o Brasil é um país que tem uma política de inclusão bastante recente e que precisa amadurecer. “Em países como os europeus ou os Estados Unidos a inclusão tem o mesmo discurso, mas é feita com base no fortalecimento da estrutura da educação e investimento em professores e recursos humanos. É um direito da criança com dificuldades estar na escola e ser bem atendida. Nas salas, vai sempre haver um professor regente e um outro habilitado para trabalhar com crianças com necessidades especiais ou um especialista, e não um auxiliar como acontece aqui no Brasil”, diz. Ela também explica que aqui o acesso acontece, mas sem o tratamento que os estudantes precisam. “A inclusão chega sem que a estrutura necessária chegue junto. E não estamos falando só das rampas de acesso ou barreiras arquitetônicas, nós percebemos barreiras em termos de discriminação, preconceito e até indiferença”, diz.
Parceria
O diálogo e o trabalho em conjunto é o que pode fazer com que a inclusão realmente aconteça. E, para que funcione, nada pode ser imposto ou escondido, segundo a pedagoga Maria Silvia Bacila Winkeler. “Um professor que recebe uma criança com deficiência deve ser consultado antes, até para que possa se preparar, assim como os colegas também precisam ser informados para que aprendam a lidar com a situação. Sempre, se temos um novo colega, ele precisa ser apresentado. Precisamos nos conhecer e nos compreender para sabermos agir”, afirma.
Mas ela lembra que, apesar de não ser fácil achar uma instituição adequada para a criança, a luta maior começa com o filho dentro da escola. “Eles precisam olhar com cuidado se a escola do filho realmente aceita a criança e investe na educação dela. Porque,sem isso, é perda de tempo para o aluno e desgaste para a escola e para os pais”, diz. O entendimento entre as partes é fundamental para o aluno e deve ser o objetivo quando se pensa na inclusão, mesmo que ela venha depois de terem sido encontradas muitas portas fechadas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

MAIS UM CASO DE AGRESSÃO AOS AUTISTAS! Programa da BBC flagra agressões em clínica psiquiátrica britânica


A polícia na cidade britânica de Bristol prendeu quatro funcionários de uma clínica psiquiátrica depois que um programa da BBC flagrou uma série de agressões aos pacientes.
Paciente agredida
Paciente é colocada embaixo de uma mesa e pisada por funcionário
Um especialista em tratamento psiquiátrico de adultos que assistiu às imagens filmadas com câmera escondida disse que alguns casos poderiam ser classificados como tortura.
O repórter da BBC Joe Casey, do programa Panorama, passou cinco semanas trabalhando na clínica privada Winterbourne View, que trata pacientes com autismo e dificuldades de aprendizagem. Os empregadores não sabiam que Casey era jornalista.
Ao longo de cinco semanas, ele presenciou tapas, agressões diversas, intimidações e pacientes vestidos sendo banhados com água fria e arrastados pelo chão.
A companhia Castlebeck, que administra o hospital, pediu desculpas pelas agressões e afastou 13 funcionários. A clínica com 24 leitos é administrada pela empresa privada, mas recebe dinheiro público para operar.
O dia terminou com a água do vaso de flores que ela ganhou dos seus pais sendo despejada sobre a sua cabeça, enquanto ela berrava no chão do quarto.
Joe Casey, repórter da BBC
Os quatro funcionários presos – três homens, de 42, 30 e 25 anos, e uma mulher de 24 – foram soltos nesta quarta-feira após pagarem fiança.
Simone
Entre os pacientes agredidos está Simone, uma jovem de 18 anos. As imagens mostram Simone sendo intimidada verbalmente.
Os pais da jovem disseram que ela alertou sobre as agressões, mas que eles não acreditaram.
"Ela nos disse que estava sendo agredida, com seu cabelo sendo puxado e que ela havia sido chutada – e eu disse que não, que isso não poderia estar acontecendo, que eles não podem fazer isso", disse a mãe de Simone à BBC.
O repórter Joe Casey conta que alguns funcionários enfiavam os dedos nos olhos de Simone. Depois ela foi molhada com água fria e colocada no pátio frio, em pleno inverno.
"O dia terminou com a água do vaso de flores que ela ganhou dos seus pais sendo despejada sobre a sua cabeça, enquanto ela berrava no chão do quarto", disse Casey.
"Eu era o único da equipe de apoio que não estava participando. Eu estava assistindo de fora, resistindo à tentação de interromper aquilo e arriscar revelar meu segredo."
Paciente agredida
Pacientes eram molhados com roupa e colocados no pátio frio
Casey diz que alguns dos pacientes têm idade mental de crianças e não conseguem entender o que está acontecendo ao seu redor.
Imobilização
Dois especialistas que assistiram às imagens condenaram veementemente a forma como os funcionários da clínica lidavam com os pacientes.
Eles afirmam que funcionários de clínicas precisam recorrer diversas vezes a técnicas de imobilização, quando os pacientes perdem o controle. No entanto, nos casos flagrados pela BBC, os enfermeiros da clínica estavam recorrendo à violência sem nenhuma justificativa.
Andrew McDonnell, especialista em tratamento de adultos com deficiências mentais, se disse chocado. Para ele, vários casos filmados são exemplos de tortura.
Jim Mansell, da Universidade de Kent, que é consultor do governo britânico, afirmou que as imagens mostram que os funcionários queriam agredir os pacientes.
"Este é o pior tipo de tratamento institucional. É o tipo de coisa que prevalecia no final dos anos 60 e que levou a Grã-Bretanha a gradualmente fechar essas instituições de grande porte e de longo período de internamento", disse Mansell.
Denúncias ignoradas
Paciente agredida
Clínica pediu desculpas, afastou 13 funcionários e prometeu investigação
O programa Panorama resolveu investigar a clínica depois de ter recebido denúncias do enfermeiro Terry Bryan.
"Eu vi muita coisa ao longo de 35 anos [de carreira], mas nunca vi nada como isso. Eu a pior coisa que já vi", disse Bryan ao Panorama.
"Essas pessoas são filhos, filhas, parentes, tias, tios. É tudo gente que possui famílias. As próprias famílias não sabem o que está acontecendo lá dentro."
Bryan fez duas denúncias sobre as agressões – uma aos donos da clínica e outro ao Care Quality Comission, órgão do governo que regula as clínicas do tipo – mas ambas reclamações foram ignoradas.
Ian Biggs, diretor-regional do Care Quality Comission, pediu desculpas pela omissão do órgão, e prometeu que o governo vai agir rapidamente agora.
A Castlebeck anunciou uma revisão em todas as suas 56 instituições na Grã-Bretanha, que cuidam de 580 pacientes. Cada internação custa 3,5 mil libras (equivalente R$ 9 mil) por semana, mas o valor é coberto pelo sistema de saúde público britânico. A Castlebeck fatura 90 milhões de libras (mais de R$ 230 milhões) por ano.
As vítimas dos abusos flagrados pelo programa da BBC foram transferidas para um local seguro.

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