domingo, 14 de março de 2010

NOTÍCIA 13-03-10 - AUTISTAS INSPIRAM LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO

AUTISTAS INSPIRAM LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO
SELINHO É O JEITO DE HALLANA SE COMUNICAR COM A MÃE

Jovem autista não desenvolveu capacidade de interagir através da fala
por Cristina Camargo




Aos 19 anos, Hallana Kiara não desenvolveu a capacidade de se comunicar por fala. De vez em quando solta palavras, mas nunca formou frases. Encontrou outras formas de interagir com a mãe, a cabeleireira e manicure Luzia Aparecida da Rocha Silveira.


Todo dia, Hallana acorda Luzia com um selinho na boca. Depois puxa a mão, para que ela levante.


Com o pai, o vigilante Carlos Pereira da Silveira, o recado também é claro.

A jovem aprendeu que toda vez que saem para passear de carro é preciso desligar a TV. Então, quando quer dar uma volta, aperta sozinha o botão do aparelho.


A dificuldade de comunicação é uma das características do autismo (disfunção global do desenvolvimento), mas Hallana evolui dia a dia. Ela frequenta diariamente a Apae, que adora e onde é estimulada a interagir com o mundo. E conta com algo precioso: o carinho e a atenção dos pais e da avó.

Mas também dá beliscões, principalmente quando é contrariada. E leva bronca, como qualquer criança. Também como menina, soltou uma palavra ao se ver vestida de bailarina. Olhou para o espelho e disse: bonita!


Preconceito faz parte da rotina


O autismo ainda é um mistério para muita gente, o que gera preconceito. São comuns os olhares assustados, às vezes um ar de desprezo. Aconteceu num dia em que Hallana caminhava com a mãe. Luzia garante que ela percebeu a forma hostil como foi encarada por uma senhora. Deu uma volta e, ao reencontrá-la, beliscou o braço da mulher.

Três aspectos caracterizam um portador de autismo: a falta de consciência sobre a presença do outro como pessoa, a dificuldade de comunicação e um padrão de comportamento restrito e repetitivo. Hallana parecia um bebê normal, até que aos sete meses teve uma longa crise de choro. Não conseguiu sentar e começou a andar com um ano, na ponta dos pés. Apesar da maratona de exames, apenas aos nove meses o autismo foi diagnosticado. Os pais viveram a fase de negação, depois aceitaram e procuraram melhorar a qualidade de vida.

Nem todas crianças autistas tem essa sorte. E é por isso que é estruturada na cidade a Associação dos Autistas, que já foi formada e começa a fazer reivindicações. A ideia é proporcionar o ensino especializado e as estimulações necessárias para quem não é atendido por nenhuma entidade.

A iniciativa tem o apoio declarado do vereador Amarildo de Oliveira (PPS), que cita como modelo uma escola de Jaú.

‘Nem tudo é como a gente quer’, diz mãe de autista


Com o tempo, Luzia Aparecida da Rocha Silveira aprendeu a lidar com o preconceito que atinge os autistas. Mas já doeu muito. Ela se revoltava ao encontrar olhares amedrontados.

Dia desses, mais uma provação na trajetória da família. Pai e filha foram barrados na entrada de um supermercado. Hallana estava descalça e foi impedida de entrar pelo segurança. “Se eu estivesse lá, chamaria a polícia e a imprensa”, afirma Luzia.

Para ela, a sociedade precisa se preparar melhor para lidar com as diferenças.

O site da AMA (Associação de Amigos do Autista) tem orientações para familiares, profissionais e leigos. A manicure aprendeu a enfrentar a discriminação e também a estar sempre atenta à filha, que se comporta feito criança pequena.

Quando era menor, subiu no guarda-roupa e entrou na geladeira, com direito aos dois pés numa panela de feijão. Recentemente, esperou a mãe dormir e foi para a área de serviço, onde produziu uma “piscina” de espuma com produtos de limpeza.


Hallana adora sorvete e chocolate, é fã da série “Xuxa Só Para Baixinhos” e gosta de som eletrônico. Se acostumou a dormir com a avó. À noite, passa a mão nos braços dela para ter certeza que está acompanhada. “Ela é muito amada”, diz a mãe.
 Perguntas ainda ficam sem respostas
Segundo a Ama (Associação de Amigos do Autista), o autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano estudado pela ciência há seis décadas. Mas, na própria ciência, existem divergências e questões que ainda não foram respondidas.


Tema de filmes, entre eles o famoso “Meu filho, minha vida”, o autismo ainda é surpreendente, principalmente por causa da diversidade de suas características.


Outro fator que chama a atenção é a aparência das crianças autistas, que é totalmente normal em grande parte dos casos.


Segundo a AMA, é comum pais contarem que a criança autista passou por um período de normalidade antes de manifestar os sintomas do autismo.

Ao crescer, os autistas desenvolvem habilidades sociais em diferentes graus.

Turma da Mônica


Conhecido por introduzir em suas histórias personagens especiais, que ajudam as crianças a entender as diferenças, Maurício de Souza criou André, que explica o que é autismo e como lidar com a questão. Filmes com André estão disponíveis no site da AMA - www.ama.org.br

Sábado, 13 de março de 2010 - 23:33

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